'Admito que errei': 'Nostradamus americano' explica por que não acertou a vitória de Trump
Allan Lichtman, 77 anos, desenvolveu o modelo chamado "As Chaves para a Casa Branca", com critérios que seriam capazes de antecipar o futuro vencedor. Em 40 an...
Allan Lichtman, 77 anos, desenvolveu o modelo chamado "As Chaves para a Casa Branca", com critérios que seriam capazes de antecipar o futuro vencedor. Em 40 anos, ele só havia errado uma vez, mas falhou em não apontar volta de Trump à Casa Branca. 'Nostradamus americano' defende modelo das ‘Chaves para a Casa Branca’ Allan Lichtman é conhecido como o "Nostradamus americano" por uma razão: ele havia acertado o resultado de nove das últimas 10 eleições americanas. Nesta semana, porém, sua taxa de acerto caiu para nove em 11 eleições. O historiador de 77 anos previu a vitória de Kamala Harris nas eleições do último dia 5, pleito que diversos institutos de pesquisa diziam que seria uma disputa acirrada. No fim das contas, Donald Trump obteve uma vitória considerada acachapante, com ao menos 295 delegados conquistados de 538 (25 a mais do que os 270 necessários para ganhar a eleição). "Eu admito que errei. Previ uma vitória da [Kamala] Haris, mas ela não ganhou", disse ele, numa transmissão ao vivo em seu canal do YouTube na quinta-feira (7). ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Lichtman justificou a falha dizendo que não foi um erro isolado no seu conhecido sistema das chaves (entenda mais abaixo), mas algo mais abrangente. Ele apontou, por exemplo, que Kamala Harris nunca foi testada em primárias do Partido Democrata, pois Biden foi o escolhido e ela só assumiu a candidatura após ele desistir. Além disso, a campanha de Harris começou apenas 16 semanas antes da eleição, o que prejudicou as previsões. Fora isso, ele também destacou o impacto da desinformação nas redes sociais, especialmente no X (de Elon Musk, que apoiou ativamente Trump), o que teria influenciado a imagem do governo Biden-Harris. Por isso, mesmo assim, Lichtman diz que seu sistema de previsão não errou em nenhuma das chaves. "Eu estive longe de ser o único analista a estar errado. A maioria dos outros modelos também errou", acrescentou. Em discurso de vitória, Trump prometeu 'era de ouro' Kamala Harris e Donald Trump durante campanha para as eleições dos EUA, em 2024 REUTERS/Evelyn Hockstein/Octavio Jones Chaves para a Casa Branca Lichtman criou seu método, chamado "As Chaves para a Casa Branca", ou "As 13 Chaves", em parceria com o sismólogo soviético Vladimir Keilis-Borok, com base em um sistema usado para prever terremotos. Ele consiste em 13 enunciados, ou "chaves", que avaliam o quão bem o partido da situação está governando o país. Se cinco ou menos enunciados forem falsos, o candidato da situação irá ganhar a eleição. Se seis ou mais itens forem falsos, porém a oposição será alçada ao poder. Leia mais abaixo. "Minha previsão, baseada no sistema das chaves para a Casa Branca, que se provou correta [nas eleições dos EUA] por 40 anos, é que teremos um presidente sem precedentes: Kamala Harris se tornará a primeira mulher presidente dos Estados Unidos", disse Allan Lichtman, professor de História da American University em Washington, D.C., em setembro. Aposta em Kamala Em 2024, o respeitado historiador previa que Kamala Harris seria a próxima presidente dos Estados Unidos, já que a democrata ganharia em nove das 13 chaves analisadas. Os pontos favoráveis a Harris eram, entre outros, a unidade do partido por trás de sua candidatura, os resultados positivos da administração Biden, a saúde da economia americana, as ausências de escândalos e de revolta social. Para justificar a falha, Lichtman afirmou que "não foi apenas uma falha singular das chaves. Foi muito mais amplo do que isso." Ele afirma, por exemplo, que Kamala Harris não teve seu nome testado em nenhuma primária do Partido Democrata, por exemplo — Biden era o escolhido da sigla pelo processo normal de nomeação, e a vice foi alçada a cabeça de chapa após sua desistência. O fato de a campanha de Harris ter começado 16 semanas antes do dia da eleição também foi um fator que bagunçou as previsões, disse o historiador. Allan Lichtman, professor de História e analista político que faz previsões das eleições presidenciais dos EUA desde 1984. AP Photo/Seth Perlman Ele cita ainda uma "explosão incrível de desinformação" nas redes sociais, incluindo o X, cujo dono é Elon Musk, que participou ativamente da campanha de Trump. Isso teria influenciado na percepção do público sobre a gestão Biden-Harris. Ele mantém a confiança em seu sistema de predição e afirma não ter atribuído incorretamente nenhuma das chaves. Primeira falha Usado desde as eleições de 1984, o sistema das chaves só havia errado uma vez até então: em 2000, quando George W. Bush foi eleito para seu primeiro mandato, superando o democrata Al Gore. Essa disputa pode ser vista como destoante, no entanto, já que a margem de vitória foi muito pequena em termos de delegados, e a vitória do republicano foi decretada após a decisão da Suprema Corte de suspender a recontagem de votos no estado da Flórida. Veja abaixo as chaves de Lichtman: Mandato do partido: Após as eleições de meio de mandato, o partido do governo ocupa mais assentos na Câmara dos Deputados dos EUA do que ocupava após as eleições de meio de mandato anteriores. Contestação: Não há contestação séria para a nomeação do partido incumbente. Incumbência: O candidato do partido no poder é o presidente em exercício. Terceiro partido: Não há campanha significativa de um terceiro partido ou independente. Economia de curto prazo: A economia não está em recessão durante a campanha eleitoral. Economia de longo prazo: O crescimento econômico real per capita durante o mandato é igual ou superior ao crescimento médio durante os dois mandatos anteriores. Mudança de política: O governo vigente realiza mudanças importantes na política nacional. Agitação social: Não há agitação social sustentada durante o mandato. Escândalo: O governo em exercício não é manchada por um grande escândalo. Carisma do candidato da situação: O candidato do partido em exercício é carismático ou um herói nacional. Carisma do desafiador: O candidato do partido desafiador não é carismático ou um herói nacional. Fracasso militar/externo: O governo vigente não sofre um grande fracasso em assuntos externos ou militares. Sucesso militar/externo: O governo vigente alcança um grande sucesso em assuntos externos ou militares.